quarta-feira, 19 de novembro de 2008

Reflexões sobre a intenção

A intenção é o mais importante: para os antigos feiticeiros do México, a intenção (intento) é uma força que intervém em todos os aspectos do tempo e do espaço. Para poder utilizar e manipular esta força, precisavam ter um comportamento impecável. A meta final de um guerreiro é poder levantar a cabeça além o sulco onde está confinado, olhar ao redor, e modificar o que deseja. Para isso, necessita disciplina e atenção total.

Nada é fácil: nada neste mundo é dado de presente: tudo precisa ser aprendido com muito esforço. Um homem que vai em busca do conhecimento deve ter o mesmo comportamento de um soldado que vai para a guerra: bem desperto, com medo, com respeito, e com absoluta confiança. Se seguir estes requisitos, pode perder uma batalha ou outra, mas jamais irá lamentar-se do seu destino.

O medo é natural: o medo da liberdade que o conhecimento nos traz é absolutamente natural; entretanto, por mais terrível que seja o aprendizado, é pior viver sem sabedoria.

A irritação é desnecessária: irritar-se com os outros significa dar a eles o poder de interferir em nossas vidas. É imperativo deixar este sentimento de lado. Os atos alheios não podem de maneira nenhuma nos desviar de nossa única alternativa na vida: o encontro com o infinito.

O fim é um aliado: quando as coisas começam a ficar confusas, o guerreiro pensa em sua morte, e imediatamente seu espírito encontra-se de novo com ele. A morte está em todas as partes. Podemos comparar aos faróis de um carro que nos segue por uma estrada sinuosa; às vezes os perdemos de vista, às vezes aparecem perto demais, às vezes apaga suas luzes. Mas este carro imaginário jamais se detém (e um dia nos alcança). Só a idéia da morte dá ao homem o desapego suficiente para seguir adiante, apesar de todos os percalços. Um homem que sabe que a morte está se aproximando todos os dias, prova de tudo, mas sem ansiedade.

O presente é único: um guerreiro sabe esperar, porque sabe o que está aguardando. E enquanto espera, não deseja nada, e desta maneira, qualquer coisa que receber – por menor que seja – é uma benção. O homem comum se preocupa em demasiado por querer aos outros, ou ser querido por eles. Um guerreiro sabe o que deseja, e isso é tudo em sua vida (e nisso concentra toda a sua energia). O homem comum gasta o presente agindo como ganhador ou perdedor, e dependendo dos resultados, transforma-se em perseguidor ou vítima. O guerreiro, por outro lado, preocupa-se apenas com os seus atos, que o levarão ao objetivo que traçou para si mesmo.

A intenção é transparente: a intenção (intento) não é um pensamento, nem um objeto, nem um desejo. É aquilo que faz um homem triunfar em seus objetivos, e levantá-lo do chão mesmo quando ele já se entregou à derrota. A intenção é mais forte que o homem.

A batalha é sempre a última: o espírito do guerreiro não se queixa de nada, porque não nasceu para ganhar ou perder. Nasceu para lutar, e cada batalha é a última que está travando sobre a face da Terra. Por isso o guerreiro sempre deixa o seu espírito livre, e quando se entrega ao combate, sabendo que sua intenção é transparente, ele ri e se diverte.

http://www.warriorofthelight.com/port/edi173_roda.shtml

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